Hino Nacional ilustrado para maternal

Como fazer uma boa adaptação no berçário



Preparação e parceria com a família são fundamentais para assegurar 

uma adaptação tranquila aos bebês que vão à escola pela primeira vez

HORA DO LANCHE No Centro Social Marista Robru, pai e educadora se revezam para alimentar um bebê durante a adaptação. Foto: Fernanda Preto
Crianças inseguras, pais angustiados e sofrimento diante da separação iminente. 
Esse não precisa ser o retrato do início dos pequenos na creche. 
É possível diminuir o desconforto e proporcionar uma adaptação 
tranquila e saudável para os bebês e sua família. A fase de acolhimento 
na Educação Infantil é diferente para cada faixa etária e requer atenção 
redobrada com bebês de até 2 anos. Afinal, quase tudo é novidade para eles:
 a convivência com outras crianças e adultos (além do círculo 
mais próximo), as brincadeiras com a areia...

O primeiro passo é conhecer bem a criançada. Entender seus costumes 
e medos ajuda a elaborar o planejamento. "Quando percebem que 
o educador sabe coisas que as fazem se sentir bem, elas ficam mais
 calmas", diz Rosa Virgínia Pantoni, mestre em Psicologia 
e coordenadora de assistência social da Creche Carochinha,
 ligada à Universidade de São Paulo (USP).

Antes de receber a turma, é fundamental ler com atenção 
todas as informações contidas na ficha de anamnese (com histórico 
de saúde). Também é desejável fazer uma entrevista detalhada 
com a família. Durante o bate-papo, os pais podem esclarecer 
dúvidas e ajudar você e seus colegas a entender os hábitos da criança. 
"É um momento de ajuste de expectativas. É essencial escutar 
o que os familiares esperam e explicar os objetivos da instituição", 
diz Ana Charnizon, educadora da UMEI Aarão Reis, em Belo Horizonte. 
Mostrar interesse pela criança é uma forma de tranquilizar os pais. 
Vale perguntar como é a rotina em casa, do que a criança gosta
 de brincar e de comer e se possui objetos de apego. A entrevista 
pode ser finalizada com uma visita pelos ambientes.

Bebês de até 10 meses estranham a escola, o modo como 
são colocados para dormir e a comida oferecida. É necessário
 prestar atenção nos aspectos sensoriais: deixar objetos pessoais, 
como mantinhas, chupeta e fronhas, junto ao berço ajuda na adaptação.
 A ausência dos pais não incomoda, mas a textura diferente do 
lençol do berço, a forma como são colocados para dormir, 
a temperatura da água do banho, sim.

Depois de completar 1 ano, a adaptação muda um pouco. O foco principal 
agora é fazer com que o bebê se acostume à ausência dos responsáveis.
 Por isso, é necessário alternar momentos em que os familiares
 estejam próximos e distantes da criança. Nessa idade, ela já começa 
a estranhar quem não conhece e estabelece vínculos com alguns 
adultos. Faz parte do processo, então, manter os rostos conhecidos 
ao alcance da visão do pequeno. A separação é feita aos poucos,
 intercalando momentos de aproximação e de ausência, até que o 
bebê se acostume à rotina na creche.

Outra estratégia para assegurar a tranquilidade é fazer um espaço 
para cada criança . Assim, ela entende que há um lugar coletivo, 
mas que também existe um cantinho só dela, com seus objetos 
de apego ou brinquedos. Isso faz com que se estabeleçam vínculos 
com o local. Também é importante definir uma rotina, 
com horários e regras, para que os pequenos se sintam amparados.

O choro nos momentos iniciais da separação é normal e deve
 passar logo, à medida que a criança percebe que é acolhida e 
compreendida. Caso o berreiro persista, isso pode ser sinal 
de insegurança. Outras manifestações de desconforto são o 
sono constante, a apatia e a recusa em comer. Reuniões e
 estudos periódicos permitem aprofundar o conhecimento a
 respeito do universo infantil e agir nesses casos. 
"A insegurança dos responsáveis influencia ansiedade 
dos pequenos. Por isso, os profissionais precisam estar preparados", 
explica Ana.

Cabe ao educador acolher os bebês, reconhecer seus sentimentos
 e fortalecê-los emocionalmente. "As ações devem estar voltadas 
para a apresentação do novo ambiente de uma forma delicada",
 explica Clélia Cortez, formadora do Instituto Avisa Lá, em São 
Paulo. "O que está em jogo é o compromisso em transformar os
 sentimentos de angústia presentes neste momento em segurança e
 afeto", completa


Como fazer uma

 boa adaptação no berçário

Preparação e parceria com a família são fundamentais

 para assegurar uma adaptação tranquila aos bebês

 que vão à escola pela primeira vez

Respeito às particularidades de cada criança
HORA DO BANHO Cuidados compartilhados ajudam a educadora a entender como o bebê está acostumado a se banhar. Foto: Fernanda Preto
HORA DO BANHO Cuidados compartilhados ajudam a educadora a entender como o bebê está acostumado a se banha


















As semanas de adaptação - que podem ser até três -
são especiais e requerem uma programação diferente.
Definir um escalonamento de horários, para que os pequenos aumentem
 gradualmente o tempo na creche, ajuda a acostumá-los com o ambiente.
 Não há regras: alguns demandam um tempo maior para se adaptar.
 Essa escala também vale para a chegada dos bebês à creche.
No Centro Social Marista Robru, em São Paulo,
o acolhimento é programado para que cheguem à instituição
quatro crianças por semana - assim, é possível dar mais atenção
a elas e estreitar o contato com as famílias, que participam
ativamente do processo de adaptação.

Durante as primeiras semanas, os pais compartilham formas de cuidados,
como dar banho e alimentar. Assim, os educadores
 podem observar as características de cada criança,
 como a temperatura que gostam que esteja a água do banho,
o modo como tomam a mamadeira e como preferem ficar no berço.
 "Essa é uma forma de observar o que eles fazem. Dessa forma,
planejamos melhor nossas ações", argumenta a educadora Kelly 
Cristina de Almeida.

Reportagem sugerida por 3 leitoras: Eliane Avando Cintra, Guarulhos, SP, Gislaine da Silva Faita, 

Osasco, SP, e Hellen Santos de Oliveira, São Paulo, SP. Tirada do Site Nova Escola

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